17 October 2009

Isto sim, interessa…

… partilhar, quero eu dizer!

Desde que o Miguel nasceu, adoptamos um hábito que eu sempre achei estranhíssimo entre pessoas que têm filhos. Falamos através do Miguel, diz à Mamã isto, ou então, tas a ver Miguel, o Papá fez asneira. Pior ainda, damos voz ao ser de 4 meses e tentamos falar por ele, o preocupante é que conseguimos descer a um nível de infantilidade que se ele pudesse mesmo falar, talvez nos mandasse ganhar juízo.

A hora do dia, ou melhor, da noite, em que voltamos a ser adultos juntos é quando nos deitamos… cuidado com o pensamento, seus marotos… voltamos a ser adultos e tentamos, quando ainda temos 5 min de bateria, falar sobre a vida e o futuro. Sim, é verdade, sou eu que começo e geralmente a queixar-me de alguma coisa, não nego! E uma noite destas, a conversa extrapolou o habitual, foram momentos de crise existencial, o que fomos, o que somos e aquilo que queremos vir a ser. Chegamos á conclusão que, talvez isto de emigrar não seja para nós! Pronto, tá dito!

Isto é giro, é limpinho, toda a gente é muito educada, o ordenado não é mau, a casa é engraçada, mas, há muitos mas. Podia escrever 50 parágrafos do que nos está a fazer ponderar regressar, mas posso resumi-lo em, Solidão, Saudade e falta de Sol. Eu sei que sol e companhia não compram botas de 150€ e muito mais grave, não põem comida na mesa, tenho consciência disso.
Criamos a balança e começamos a ponderar prós e contras, recordamos as expectativas que nos conduziram até aqui, chegamos á conclusão que nem tudo ficou por concretizar, mas o principal objectivo ficou muito aquém, e que era na altura, a valorização profissional de ambos. Isto de emigrar em tempos de crise mundial tem os seus inconvenientes.
Depois de uns meses de cá estarmos, começamos a ouvir os mesmos palavrões que se ouvem em Portugal, a crise, as insolvências, o layoff. Nunca estivemos preocupados, porque graças aos alemães, os sindicatos aqui funcionam e os direitos dos trabalhadores são mesmo, mas mesmo defendidos. E mais, dois dos principais critérios que mais pesam na altura de não-despedir, são a idade e a família, e neste aspecto, a matemática está a nosso favor em relação a outras pessoas. Mas nem tudo se resume à matemática e as coisas podem mudar a qualquer momento e esse momento pode ser já segunda-feira.

Fogo, Filipa, tanto paleio, para dizer que queres voltar, isso nós já sabemos, não falas aqui de outra coisa, pensam vocês. Onde eu quero chegar é que esse dia pode estar mais próximo do que se esperava! Para já, o que eu pretendo com isto, que já vai longo, é que digam de vossa justiça:

What would you do in our shoes?
That’s the question!

3 comments:

Anonymous said...

Ola Menina,

Sabes o que me preocupa?è que tu escreveste esse post ás 7h30 da matina!! Isso anda mesmo a tirar-te o sono...
Sabes qual é a minha opinião? O importante é ser feliz - só vivemos uma única vez e há que aproveitar todos os momentos da vida! Se realmente achas que não estás feliz aqui, então estará na altura de mudar. MAS atenção quem em PT a vida está bem mais díficil...

Bem, vê lá se pões a cabecinha em ordem e tomem em família a melhor solução!

Beijinhos
Presuntinha

Liliana said...

Sá Couto, ja expressei aqui a minha opinião quanto ao vosso regresso, não vou voltar a falar nisso.
No entanto acho que estamos numa fase em que a palavra de ordem é AGUARDAR. As eleições foram agora, ainda é muito cedo para saber qual é o real estado do país. Que não está bem, não... mas muita coisa foi camuflada durante a pré e campanha eleitoral pelo que eu se fosse a vocês não tomava nenhuma atitude para já.
It's my opinion.
Kiss and hug
Loureiro

Minha louca vida said...

Querida amiga, sabes que esta semana pensei muito em vcs e nos bons momentos que compartilhamos nessa terra fria. É que já se passou um ano que não nos vemos. Mês que vem já faz um ano que regressei ao Brasil.
Voltando ou não voltando para a "Terrinha" por agora, uma coisa é certa: Tudo valeu a pena porque as almas não eram pequenas (e nunca serão).
Se vcs não tivessem se encorajado e arriscado a viver em outro país, jamais teriam vivenciado tantas coisas diferentes como viveram e jamais teríamos nos conhecido. Independente do tempo que passe o mais importante é sentirmos que estamos construindo algo. E vcs estão fazendo isso.
E se quiserem ajuda para um empreguinho aqui no Brasil, podem contar comigo :)
Beijocas repleta de saudades.